sábado, 14 de agosto de 2021

Conclusão do Componente Curricular: Relações Sociais e Políticas na Contemporaneidade

 


Ao decorrer de todo o Componente Curricular, foram apresentadas diversas abordagens de questões sociais, culturais e políticas do pensamento social na contemporaneidade, considerando abordagens baseadas nas obras de autores renomados como Norbert Elias, Eric Hobsbawm, Guy Debord, Zygmunt Bauman, André Lemos e Carla Akotirene, correlacionando indivíduo e sociedade em diversas perspectivas como igualdade e diferença, identidades e alteridades, marcadores sociais da diferença: gênero, classe, etnia e raça, dominação poder e violência, modernidade e pós-modernidade, democracia e pensamento pós-colonial, genealogia do Poder e Biopolítica, que foram discutidas ao longo de todo o CC, com o professor Dr° Joel Felipe, que buscou das formas mais dinâmicas possíveis, nortear todas essas abordagens, ainda que por meios tecnológicos, para que houvesse um melhor aproveitamento do que foi proposto, apresentando e debatendo algumas das principais questões dos séculos XX e XXI, quer sejam sociais, culturais ou políticas, estimulando a nós quanto alunos, sobre a sociedade na qual estamos inseridos e as transformações pela quais ela passa, nos possibilitando a interpretar e refletir de forma crítica e o nosso posicionamento na sociedade contemporânea, portanto, este CC nos complementa quanto discentes da área de humanas, quanto nos auxilia na formação do ser humano que vive em sociedade.



Sugestão de Vídeos:

Conheça e venha para a UFSB: UFSB-Institucional https://www.youtube.com/watch?v=JOcc0dKPsUM

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Já ouviu falar no Movimento Black Feminism? E em Interseccionalidade?

Ao analisarmos a sociedade, rapidamente determinamos a existência de diversidades e logo desigualdade social. Muitas dessas diferenças entre os indivíduos são de características humanas, como gênero, cor da pele, idade, coisas desse tipo, marcadores sociais da diferença: Gênero, Classe, Etnia e Raça.
No entanto, a desigualdade social é resultado das relações estabelecidas entre os indivíduos, que em sua maioria refletem conflitos de interesses entre grupos ou indivíduos, e geralmente colocam todos na posição de opressores e oprimidos.

E quando pensamos de forma interseccional? Como por exemplo: uma mulher, trans, negra, candomblecista e de meia idade, ou ainda podemos pensar o racismo, que é diferente do patriarcalismo, e totalmente diferente da opressão de classe, mas que frequentemente, eles podem criar complexas intersecções.
Estes estereótipos fazem-se desconsiderar rapidamente o princípio vital e humano. As dificuldades a serem enfrentadas por ter estas características serão as mais difíceis e perversas a se pensar.
A Prof. Dra. Eliane Gonçalves da Costa, convidada a participar de uma de nossas aulas, ela como mulher, negra, de classe media alta e ativista feminista, fala com propriedade sobre a interseccionalidade, trazendo esplanações com um arcabouço teórico sobre interseccionalidade, de outras mulheres que lutam ou lutaram pela mesma causa, como Kimberle Crenshaw e Carla Akotirene.
Os debates sobre interseccionalidade, surgiram a partir das lutas e teorizações dos movimentos feministas negros nos Estados Unidos e do Reino Unido por volta dos anos 1970 e 1980. O movimento conhecido como Black Feminism com a entrada de maior número de mulheres no meio acadêmico, foi possível atingir um desenvolvimento sociológico do pensamento das mulheres negras naquele momento.
Mas somente em 1989 que o termo foi de fato sistematizado por Kimberlé Crenshaw,  teórica feminista e professora estadunidense especialista em questões de raça e gênero, além de outras como Angela Davis, e Patrícia Hill Colins... No Brasil é marcado por nomes como Sueli Carneiro, Luiza Bairros, Lélia Gonzales e Beatriz Nascimento.


“O Feminismo Negro dialoga concomitantemente entre/com as encruzilhadas, digo, avenidas identitárias do racismo, cisheteropatriarcado e capitalismo. O letramento produzido neste campo discursivo precisa ser aprendido por Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer e Intersexos (LGBTQI), pessoas deficientes, indígenas, religiosos do candomblé e trabalhadores” (AKOTIRENE, 2018, p. 19)




Pensar a sociedade de forma interseccional, é notar que através dele é possível enxergar muitos sistemas opressivos inter-relacionados e sobrepostos, mostram que o racismo, o sexismo e o patriarcado são estruturas inseparáveis ​​e frequentemente discriminam e excluem indivíduos ou grupos de maneiras diferentes.
Portanto a ideia de interseccionalidade é extremamente importante como um instrumento de luta política, de inclusão de minorias, e da afirmação dos Direitos Humanos e em favor da justiça social.



REFERENCIAS:

AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro/Ed. Jandaíra, 2020.

MORAES, Eunice Lea de; SILVA, Lucia Isabel Conceicão da. Feminismo negro e a interseccionalidade de gênero, raça e classe. In Cadernos de Estudos Sociais e Políticos, Rio de Janeiro, vol. 7, nº 13,  p. 58-75, 2017.


SUGESTÃO DE Videografia: 

Kimberle Crenshaw - A urgência da interseccionalidade. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=vQccQnBGxHU

sábado, 17 de julho de 2021

Já ouviu falar em CIBERCULTURA?

O engenheiro, mestre em Política de Ciência e Tecnologia pela coppe/ufrj e doutor em Sociologia pela Université Paris V, pós-doutor pelas University of Alberta e Mcgill University no Canadá... E que atua na área de Comunicação e Sociologia André Lemos, traz em sua obra intitulada CIBERCULTURA, a definição e alguns pontos bem sintetizados que ajudam no esclarecimento de compreensão acerca do assunto.
Com a informatização da sociedade, começou na década de 70 do século XX, parece já estar estabelecida nas principais cidades ocidentais desenvolvidas. Uma nova fase da sociedade da informação, iniciada com a popularização da internet na década de 80, e radicalizada com o desenvolvimento da computação sem fio, pervasiva e ubíqua, a partir da popularização dos telefones celulares, das redes de acesso à internet. Trata-se de transformações nas práticas sociais, na vivência do espaço urbano e na forma de produzir e consumir informação.


A cibercultura nada mais é que a cultura contemporânea marcada por tecnologias digitais, vivemos a cibercultura de diversas formas como: cartões inteligentes, home banking, celulares e tantos outros meios tecnológicos.

A cibercultura nasce no desdobramento da relação da tecnologia com a modernidade. Como diz Lemos, a internet é uma incubadora de instrumentos de comunicação, o maior uso da internet é para busca efetiva de conexão social (e-mail, listas, blogs, fóruns, webcams…). "Poderíamos dizer que o nosso futuro do presente é mais humano do que o futuro do passado pensado pelas utopias e distopias do século XX. Assim, longe de um mundo dos Jetsons (limpo, feliz, asséptico, robotizado) ou mesmo de um total deserto do real de 1984, a sociedade contemporânea está viva no que o humano tem de mais radical, um presente caótico, violento. Devemos assim estar abertos às potencialidades das tecnologias da cibercultura e atentos às negatividades das mesmas. Devemos tentar compreender a vida como ela é e buscar compreender e nos apoderar dos meios sócio-técnicos da cibercultura. Isso garantirá a nossa sobrevivência cultural, estética, social e política para além de um mero controle maquínico do mundo. Para os que sabem e querem olhar, nas diversas manifestações socioculturais da cibercultura contemporânea podemos constatar que ainda há vida para além da artificialização total do mundo".

Um texto de fácil compreensão e realista, segue uma sugestão de um vídeo, onde Lemos aborda alguns pontos atuais da cibercultura no mundo, e no Brasil.




REFERÊNCIA:
Lemos, André; Cunha, Paulo (orgs). Olhares sobre a Cibercultura. Sulina, Porto Alegre, 2003; pp. 11-23 CIBERCULTURA. Alguns pontos para compreender a nossa época. 

SUGESTÃO DE VIDEO: O que é Cibercultura? (5min54seg) Lemos. André,
https://www.youtube.com/watch?v=hCFXsKeIs0w

Consumidores ou Protagonistas?

A obra A Sociedade do Espetáculo do sociólogo francês, também cineasta e autor da filosofia contemporânea ou pós moderna, Guy Debord, apresenta o mundo pós revoluções e ascensão capitalista, a dominação Midiática.

Segundo Debord, é o que  une a sociedade. O uso da imagem em meado do século XX onde a indústria cultural passou a vender as produções midiáticas não só como algo artístico e digno de admiração, mas com o domínio principalmente da imagem, as quais por suas origens tem a dominação da realidade, passou-se a ter um controle humanístico, causando até mesmo uma confusão entre ficção realidade.


Nos dias atuais, os meios de interação por meio da imagem são muito maiores, o que torna muito mais intenso a probabilidade de fantasiar-se a realidade, em suas mais distintas ramificações, que de forma difusa, vem transformando a vida em um espetáculo a muitos e diversos espectadores tendo como palco as redes sociais via internet, onde cada um se torna protagonista de suas ficções.

O que para Debord, não deixa de ser considerado um meio de unificação, por meio dos cliques e possíveis escolhas, o controle midiático vai percebendo e ofertando ainda mais imagens de interesses próprios de cada individuo, o que passa a ser improvável fugir deste controle ou estratégia de dominação em massa social, os sistemas de controle midiáticos torna o próprio consumidor em produto.




INDICAÇÃO DE FILME: Sociedade do Espetáculo 1973 (Legendado). Filme produzido a partir do livro homônimo de 1967, de Guy Debord. Contém ideias que nortearam as revoltas de 1968 na França. https://www.youtube.com/watch?v=q0AJ66Rb-1o&t=20s

Livro disponível em: https://www.marxists.org/portugues/debord/1967/11/sociedade.pdf

segunda-feira, 28 de junho de 2021

COMUNIDADE: A busca por segurança no mundo atual - BAUMAN, Zygmunt.


Viver em comunidade nos implica a sensação de coisas boas as quais estão arraigadas à própria palavra quando paramos para imaginá-la. Bauman em sua obra intitulada Comunidade, busca desmistificar o sentido comum da palavra, para ele “a comunidade é fiel à sua natureza (ou a seu modelo ideal) apenas na medida em que ela é distinta, autossuficiente, pequena”. As três características se unem na efetiva proteção dos membros da comunidade em relação às ameaças a seus modos habituais. Embora pareça que nunca deixaremos de sonhar com a comunidade, mas também jamais encontraremos em qualquer comunidade autoproclamada os prazeres que imaginamos em nossos sonhos. Porque ou seremos humanos sem segurança ou sem liberdade; mas não podemos ter as duas ao mesmo tempo e ambas na quantidade que quisermos, afirma Bauman. Em sua obra ele nos apresenta dois mitos para pensarmos Comunidade, o de Adão e Eva e o da punição de Tântalo, os dois mitos não são histórias divertidas, eles tem seu objetivo que é ensinar por meio da reiteração por meio de mensagens que os ouvintes (leitores) só podem esquecer ou negligenciar se quiserem.
“A promoção da segurança sempre requer o sacrifício da liberdade, enquanto esta só pode ser ampliada à custa da segurança. Mas segurança sem liberdade eqüivale a escravidão; e a liberdade sem segurança eqüivale a estar perdido e abandonado. Essa circunstância provoca nos filósofos uma dor de cabeça sem cura conhecida. Ela também torna a vida em comum um conflito sem fim, pois a segurança sacrificada em nome da liberdade tende a ser a segurança dos outros; e a liberdade sacrificada em nome da segurança tende a ser a liberdade dos outros”.
Eric Hobsbawm diz que: “a palavra ‘comunidade’ nunca foi utilizada de modo mais indiscriminado e vazio do que nas décadas em que as comunidades no sentido sociológico passaram a ser difíceis de encontrar na vida real”. A comunidade acaba por se tornar uma quimera.



REFERÊNCIA:

BAUMAN, Zygmunt. Comunidade:  a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. Disponível em: https://observatorio03.files.wordpress.com/2010/02/bauman_zygmunt_-_comunidade1.pdf Acesso: 28/Junho/2021. (Leitura dos capítulos: Uma introdução, ou bem-vindos à esquiva comunidade e A agonia de Tântalo).

Sugestão de Vídeo:

Bauman: Café Filosófico - Estratégias para a vida. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7BbMKM1bcSw&t=449s

Será que realmente entendemos a palavra "sociedade"?

 

Partindo daquela velha e não errônea compreensão de sociedade, Norbert Elias traz uma outra forma de pensar sociedade. A qual só existe porque isoladamente as pessoas fazem coisas que se estruturam e geram transformações que se tornam históricas independentes das intenções particulares. Norbert traz em sua obra Sociedade dos Indivíduos, o exemplo singelo porém de grande relevância deixado por Aristóteles, da relação entre as pedras e casa, considerando que tanto o indivíduo quanto a sociedade conjuntamente formada, eles são igualmente desprovidos de objetivos, nenhum existe sem o outro, simplesmente existem, embora essa observação não passa de um canal evidente. Há uma ordem invisível nos quais os objetivos individuais são introduzidos, não devendo sua origem a soma de vontades, segundo Norbert a interdependência das funções humanas sujeita ao indivíduo na formação da sociedade. E quaisquer tenham sido os ancestrais da humanidade até onde podemos ver, a uma cadeia ininterrupta de pais e filhos, e não se pode entender como e porque os indivíduos se ligam em uma cadeia maior. "A forma individual do adulto é uma forma específica de cada sociedade a qual ele está inserido". 

“Não existe um grau zero da vinculabilidade social do indivíduo, um começo ou ruptura nítida em que ele ingresse na sociedade como que vindo de fora, como um ser não afetado pela rede, e então comece a se vincular a outros seres humanos, o indivíduo sempre existe no nível mais fundamental, na relação com os outros, e essa relação tem uma estrutura particular específica de sua sociedade”.



REFERÊNCIA:

NORBERT, Elias. A Sociedade dos Indivíduos (1939) In: A Sociedade dos Indivíduos. Rio de Janeiro: Zahar, 1994 (tópico I e II), p. 12 a 26 do pdf.

Você pode fazer download do texto através deste Qr Code








SUGESTÃO DE VIDEO:

Biografia de Norbert Elias; disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lNxq_B9Oz9I

Sabemos para onde estamos indo? Sabemos como a história nos trouxe até este ponto?

 

A partir da leitura de uma parte da obra de Eric Hobsbwm, intitulada Era dos Extremos: O breve século XX. Que seguindo o pensamento do autor, o século teria sido entre 1914 e 1991. Esta obra traz os principais acontecimentos do século XX, sendo eles: guerras, catástrofes e crises. Na parte três de sua obra "O desmoronamento", a destruição da União Soviética é o marco do fim do breve século. O protagonismo da União Soviética se desfez, e quaisquer outra potência estavam lançando mão de confrontos, pois estas lhes custariam caro e não valeriam tanto a pena. Hobsbwm aborda também as formas de governo como socialismo, o nacionalismo, comunismo e a ascensão do capitalismo, cita o senhorio das religiões e seu declínio, e a necessidade das mesmas se voltarem aos marginalizados em vista que governo e religião eram elitizadas.
Além de uma abordagem ecológica e de expansão social com o aumento populacional e a relação demográfica, quanto a economia com crises as possíveis chances de pobres se aproximarem dos ricos seriam muito prováveis estreitando em partes o abismo entre eles, na política os governos começam a perder sua supremacia e passam a ser submetidos às percepções do povo. Passando a ser o maior problema político não a multiplicação dos bens mas saber distribuí-los, logo depois questionasse quanto a existência de autoridades globais e termina com a seguinte colocação: 
"Não sabemos para onde estamos indo. Só sabemos que a história nos trouxe até este ponto e (...). Contudo, uma coisa é clara. Se a humanidade quer ter um futuro reconhecível, não pode ser pelo prolongamento do passado ou do presente. Se tentarmos construir o terceiro milênio nessa base, vamos fracassar. E o preço do fracasso, ou seja, a alternativa para uma mudança da sociedade, é a escuridão".
Logo abaixo segue a sugestão de um vídeo de uma entrevista com o próprio Hobsbawn datada da década de 90, apesar de ser legendado e um pouco longo, super vale a pena conferir.

REFERÊNCIA:
HOBSBAWN, Eric. Rumo ao milênio In: Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995 (parte 19 - p. 427 - 447 do pdf) Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4071685/mod_resource/content/1/Era%20dos%20Extremos%20%281914-1991%29%20-%20Eric%20J.%20Hobsbawm.pdf . Acesso em 27/06/2021.

SUGESTÃO DE VIDEO:
Entrevista com Eric Hobsbawn (14 min. aprox.). Disponível em : https://www.youtube.com/watch?v=DXnouPCSkik

Conclusão do Componente Curricular: Relações Sociais e Políticas na Contemporaneidade

  Ao decorrer de todo o Componente Curricular, foram apresentadas diversas abordagens de questões sociais, culturais e políticas do pensamen...