Ao analisarmos a sociedade, rapidamente determinamos a existência de diversidades e logo desigualdade social. Muitas dessas diferenças entre os indivíduos são de características humanas, como gênero, cor da pele, idade, coisas desse tipo, marcadores sociais da diferença: Gênero, Classe, Etnia e Raça.
No entanto, a desigualdade social é resultado das relações estabelecidas entre os indivíduos, que em sua maioria refletem conflitos de interesses entre grupos ou indivíduos, e geralmente colocam todos na posição de opressores e oprimidos.
E quando pensamos de forma interseccional? Como por exemplo: uma mulher, trans, negra, candomblecista e de meia idade, ou ainda podemos pensar o racismo, que é diferente do patriarcalismo, e totalmente diferente da opressão de classe, mas que frequentemente, eles podem criar complexas intersecções.
Estes estereótipos fazem-se desconsiderar rapidamente o princípio vital e humano. As dificuldades a serem enfrentadas por ter estas características serão as mais difíceis e perversas a se pensar.
A Prof. Dra. Eliane Gonçalves da Costa, convidada a participar de uma de nossas aulas, ela como mulher, negra, de classe media alta e ativista feminista, fala com propriedade sobre a interseccionalidade, trazendo esplanações com um arcabouço teórico sobre interseccionalidade, de outras mulheres que lutam ou lutaram pela mesma causa, como Kimberle Crenshaw e Carla Akotirene.
Os debates sobre interseccionalidade, surgiram a partir das lutas e teorizações dos movimentos feministas negros nos Estados Unidos e do Reino Unido por volta dos anos 1970 e 1980. O movimento conhecido como Black Feminism com a entrada de maior número de mulheres no meio acadêmico, foi possível atingir um desenvolvimento sociológico do pensamento das mulheres negras naquele momento.
Mas somente em 1989 que o termo foi de fato sistematizado por Kimberlé Crenshaw, teórica feminista e professora estadunidense especialista em questões de raça e gênero, além de outras como Angela Davis, e Patrícia Hill Colins... No Brasil é marcado por nomes como Sueli Carneiro, Luiza Bairros, Lélia Gonzales e Beatriz Nascimento.
“O Feminismo Negro dialoga concomitantemente entre/com as encruzilhadas, digo, avenidas identitárias do racismo, cisheteropatriarcado e capitalismo. O letramento produzido neste campo discursivo precisa ser aprendido por Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer e Intersexos (LGBTQI), pessoas deficientes, indígenas, religiosos do candomblé e trabalhadores” (AKOTIRENE, 2018, p. 19)
Pensar a sociedade de forma interseccional, é notar que através dele é possível enxergar muitos sistemas opressivos inter-relacionados e sobrepostos, mostram que o racismo, o sexismo e o patriarcado são estruturas inseparáveis e frequentemente discriminam e excluem indivíduos ou grupos de maneiras diferentes.
Portanto a ideia de interseccionalidade é extremamente importante como um instrumento de luta política, de inclusão de minorias, e da afirmação dos Direitos Humanos e em favor da justiça social.
REFERENCIAS:
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro/Ed. Jandaíra, 2020.
MORAES, Eunice Lea de; SILVA, Lucia Isabel Conceicão da. Feminismo negro e a interseccionalidade de gênero, raça e classe. In Cadernos de Estudos Sociais e Políticos, Rio de Janeiro, vol. 7, nº 13, p. 58-75, 2017.
SUGESTÃO DE Videografia:
Kimberle Crenshaw - A urgência da interseccionalidade. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=vQccQnBGxHU
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